sábado, 18 de outubro de 2008

Fatos

Semana estranha
Esta semana foi posta à prova uma série de valores
...
Na verdade, um valor só!
Dos grandes!
A fé no ser humano!
A capacidade de ainda acreditar nas pessoas!
...
Ainda não sei o desfecho da história
Mas juro, por tudo, que dessa história eu queria saber o final!
...
Sexta-feira, por volta das 11:30 da manhã:
- Moça onde eu consigo ajuda?!
- Segue aqui em frente, entra naquela loja e procure por tal, ele pode te ajudar!
Eu – O que ele queria?
- Não sei, acho que ajuda espiritual...
Minutos depois...
- Moça, pelo amor de Deus, ele não ta lá, me ajuda!!!
Nós – O que você precisa senhor?! Fica calmo!
- Eu to desesperado! Moro em outra cidade, moro num barraco alugado com minha esposa, ela ta grávida de 7 meses, e esse barraco que moro é alugado por um traficante, como não paguei no vencimento ontem ele despejou a gente, passei a noite na rodoviária com minha esposa, ele teve um princípio de derrame e foi para o hospital, eu não tenho comida em casa e preciso pagar o aluguel ainda hoje até as 9 da noite, senão o homem coloca nossas coisas pra rua!
- Moço, calma, respira! Onde ta sua esposa? Como você veio parar aqui?
- Ela saiu do hospital e foi pra casa da mãe dela, eu tava na rodoviária e pedi ajuda pra um senhor e ele disse que vinha para essa cidade receber um dinheiro e que me ajudaria a pagar o aluguel, só que chegando aqui ele não recebeu o dinheiro e foi embora e agora eu não tenho nem como voltar pra minha cidade! Eu to desesperado porque eu sou de outro país (ele é argentino) e minha família tem dinheiro, eles estão vindo pro Brasil no final do mês, eu não quero que me dêem o dinheiro, eu to pedindo emprestado, no final do mês eu volto aqui e pago! Eu nem quero que coloquem na minha mão, basta ir comigo pagar pro dono da casa e ficar com o recibo, são R$ 170,00, se vocês conseguirem 17 amigos e cada um ajudar com R$ 10,00 eu consigo!
- Mas e como você volta pra casa?
- Não sei, eu vou a pé, peço carona!
... resumindo...
Conseguimos a passagem para ele voltar para casa, e um meio de ele conseguir a cesta básica, mas não conseguimos o dinheiro, porque a única pessoa que poderia ajudar foi até o local e disse que o cara era um viciado e que tudo aquilo que ele estava dizendo era história, humilhou o senhor como a um cachorro de rua!
O homem, estranho, argentino, tomou-se de desespero e ódio, disse que não sabia quem era aquele que havia negado-lhe ajuda, mas jurou que o encontraria, que voltaria na cidade no final do mês com sua família e mostraria ao homem que lhe negou ajuda com quem ele estava falando!

Nota: - O homem estava bem vestido, limpo, e usava um relógio de couro com uma pequena pulseira, aparentava ser ouro. (Viciados em geral em estágio crítico, já não possuem mais nenhum bem, ainda mais desse tipo).
- Quando falava da esposa e do primeiro filho que temia perder antes mesmo de nascer tomava-se em lágrimas.
- Quando o homem que negou ajuda foi embora o senhor, 37 anos, pediu o telefone emprestado para falar com a esposa, ligou, ficou alguns minutos conversando com alguém do outro lado, falando dos mesmos fatos que havia citado.
...
Tive que ir embora, nessa altura já haviam se passado mais de 3 horas e estava trabalhando, liguei mais tarde para saber o que aconteceu: o senhor foi tomado por sentimentos deveras ruins, prometeu voltar e mostrar a quem lhe negou ajuda quem ele era de fato, mas agradeceu ao menos pela tentativa de ajuda-lo...

A pessoa que negou é um grande empresário na cidade em que moro, justificou que viciados em estado de abstinência criam historias realmente comoventes (Nota: este empresário está com um projeto em andamento – a criação de uma fazenda de auxilio a dependentes químicos! – Como será que ele pretende tratar esses dependentes?!).

Agora existe uma interrogação:
Será que este senhor é mesmo quem disse ser, ou é de fato um viciado?!
A história parecia muito real, e eu ainda prefiro acreditar no ser humano!

Um comentário:

  1. Sabe o que é mais desconfortante?
    É confiar que nossas intenções valerão caso o outro minta.
    É possível observar pelos sinais, pela dilatação da pupila, pelo movimento dos braços e pernas se a pessoa mente. Mas não é possível ter certeza. E às vezes isso dói.
    Mas em dubio pro reu!
    Prefiro ser quem se dá e se dana do que quem não dá e leva até de quem não tem.

    Apesar dos pesares do mundo, existem sim, menina, as pessoas que o valorizam e que o fazem valer. Por todas as penas!!

    Um abraço!

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