sábado, 31 de dezembro de 2011

História de Final de Ano


Então ela vivia um novo velho conflito:
_ Meus erros mais dantescos correspondem ao acerto mais faraônico que cometi...
É facil olhar a vida como a uma obra de arte, estando de fora, como espectador... mas ela não queria ser só plateia!
Qualquer movimento pode tornar a obra um sucesso ou um fracasso, e agora ela estava lá, altiva, elegante, à beira do penhasco mais alto, na paisagem mais bela que conseguiu compor, vestido leve, um lenço esvoaçante no pescoço, céu límpido, cálido e à sua frente o abismo...
... sinistro, insinuante, convidativo...
Mais uma vez o conflito: De que vale toda essa beleza sem um pouco de dor?!
Como ser de profundidades, mais uma vez ela se jogou...
Quantas telas irá ainda gastar até encontrar a obra prima de sua vida...
Cada pedaço, cada milímetro do seu ser sabe que não, cada célula conhece as dores dos vales profundos, mas não adianta, ela sempre volta, surgida como a fênix, e se joga novamente, como maldição mitológica.
É preciso estar muito atento para não cometer os mesmos erros, mas ela não, ela não desenvolveu esse potencial de atenção!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Viuva Negra


Impressão, expressão
Como posso querer saber o que você sente se não me é dado o luxo de vislumbrar suas expressões?
Im – é pra dentro
Ex – pra fora
Como você pode querer que eu defina algo que se passa aí dentro se você não se coloca pra fora?!
Homem sem face?! Novamente?!
Na mente fica a memoria de uma mente doente e inquieta
Não, ele não sabe se expressar!!! Quanta pressa em partir!!!
Pressa em entrar, em sair...
Presa fácil de um predador cruel!
Pedra... apedreja a dor... ou prende a dor na mão daquele que não atirou a primeira pedra!
As pedras no caminho fizeram com que me cobrasse a pressão de todos os dias supera-las...
E nunca foi em vão!
Presa fácil, de um veneno cruel!
Eu não vivi em vão!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Adultos...


E é mais ou menos assim que os adultos funcionam:

Um amontoado de más respostas bem apertadas em pequenos comprimidos para controlar os nervos!

Sem estes, aqueles não dormem, comem demais, ficam tensos...

Com eles, apenas maquiam, transformam superficialmente o que internamente já é imutável

Enfim, engolem suas próprias degenerações em atitudes mal resolvidas e tocam a vida, fingindo ser felizes!

Infelizmente crescer é pra todo mundo, e eu ando tomando desse veneno também

Passo dias, raras vezes até semanas, sem precisar das doses extras do elixir da falsidade, mas sempre acabo sendo rendida pela massa cinzenta que parece crescer dentro do crânio limitado...

A cabeça parece explodir!

Ainda bem que os adultos gostam de envenenar-se, senão o mundo seria um grande campo de concentração de deprimidos ou depravados!!!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Chegadas e Partidas...


Definitivamente, algumas conclusões são óbvias demais, mas ainda assim insistimos em querer não enxergar: hoje, depois de mais um dia no limiar entre a razão e a loucura revi conceitos!!!
Não adianta querer agradar os outros quando não agradamos a nós mesmos!!!
Não adianta fingir, ou querer que esteja tudo bem quando não está!!!
De que vale uma vida inteira de aprovações alheias e delírios internos?!
Não cheguei até aqui em vão, então me permito, apesar de todo o caminho que há a percorrer, observar as águas passadas, o caminho passado...
Estou longe do topo, mas já em algum lugar da montanha, então já é possível vislumbrar, a uma certa altura, o que se foi, e como sempre disse: do alto é possível ver mais longe!!!
Enfim, é preferível estar alheia em um mundo real que inserida em um mundo “virtual”, não falo da virtualidade que me permite escrever e extravasar, mas da virtualidade das relações!
De que adiantam saltos, perfumes, arranjos, ajeitos, músicas... se nada toca a alma!
Minha estação e minha freqüência realmente estão em outra onda, então perdoem-me as reticências, mas evasão é um verbo conjugável no momento incerto da certeza da partida!
Partirei deste mundo de impertinências e voltarei para o mundo do qual nunca deveria ter saído: meu pequeno mundo, de pequeno príncipe, de descobridor...
Estarei presente novamente na ausência! A ausência do alheio, aleatoriamente alheia às questões que não se entendem.
Pequeno suspiro, momento de desabafo, enfim, voltar-me-ei a mim
Em uma noção tempo espaço paralelo, como sempre foi e nunca deveria deixar de ter sido!
Blues, Jazz... jaz aqui, alguém que nunca deveria ter partido!

sábado, 10 de dezembro de 2011

Agora sobre o tempo!


O Renato Russo canta: “De tarde quero descansar/ chegar até a praia e ver/ se o vento ainda está forte vai/ ser bom subir nas pedras sei/ que faço isso pra esquecer/ eu deixo a onda me acertar/ e o vento vai levando tudo embora...”.
Já o Cidade Negra canta: “Você não sabe o quanto eu caminhei/ pra chegar até aqui/ percorri milhas e milhas antes de dormir/ eu nem cochilei/ quando bate a saudade eu vou pro mar/ fecho meus olhos e sinto você chegar...”.
O mar está sempre associado a algo que precisa se deixar levar, ou se deixar trazer.
As chuvas de novembro, as águas de março, de dezembro, do ano inteiro, estão sempre associadas a algo que precisa ser lavado, limpo, renovado.
Bom, são muitas as canções, e porque ponto de parada, porque parada musical?!
Na versão original da propagada da DM9, que o Pedro Bial traduziu, não com tanta propriedade, fala-se do Filtro Solar, mas mais que isso, fala-se sobre o dançar!
Para dançar é preciso ter música...
Para mexer é preciso parar...
Para ver o mar, é preciso um porto!
Esse é meu porto, talvez não tão seguro, mas é aqui que danço, que vejo as ondas me alcançarem, que deixo os sons se propagarem
É aqui que viajo para um universo além do concreto, é aqui que faço meu abstrato, que reproduzo meus retratos, retratos daquelas coisas que não disse, embora pensasse, das que disse, embora duvidasse...
É nesse ponto, de interrogação, de exclamação, de ponto e vírgula, é nesse sinal gramatical que me permito ser, um pouco além daquele ser que se sustenta das limitações que vão se impondo, mas nunca pondo um ponto final.
Poderia, como já disse várias vezes por aqui, me acabar na eternidade do falar das coisas, mas hoje chove lá fora, e chove aqui dentro, e nas chuvas e nos ventos das mudanças vou seguindo a eterna arte de metamorfosear, de parafrasear, de ser ar!!!
Flutuo lépida!
Hoje quem controla a dança é o senhor tempo, que acordou, não nos seus melhores humores
Mas acordou, e faz barulho, pra me lembrar que o movimento é necessário!
Hoje, apenas flutuar!

Meu velho amigo: o tempo!

“Nesses seis anos em que a gente não se vê, o tempo não passou pra você!”
Assim começou a noite, uma noite de exclamações e reticências
Nesse tempo, e em muitos outros, estive num universo paralelo, acontecendo às etapas, hora aqui, hora lá...
Revivi velhos hábitos: no show lotado não é possível me achar entre as primeiras fileiras, fundão! “Ela é da turma do fundão!”
Sempre observando, nunca observada.
Observei que em muitos desses anos, nada vi além do que vivi...
Hoje vejo com outros olhos, menos audazes, mais práticos, mais lentos, sonolentos!
A distância entre plateia e encenação não é tão grande, mas tão diferente
Viver e deixar viver... o velho gosto do cigarro, apodrecendo o hálito, enaltecendo o mal hábito!
Deixa estar, estação, parada ali à espera do próximo trem...
É difícil assumir as consequências de tratos e retratos mal pintados
Mas enfim, é assim. Com o passar dos dias, a vida vai perdendo a cor!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Verborréia

Relógio: tic-tac, tic-tac, tic-tac
Coração: tum-tá, tum-tá, tum-tá
Goteira: tic, tic, tic, tic
Cão: auuuuuuu
Mundo cão!
Cabeça aos pulos, sangue aos pulsos!!!
Segue assim...
A locomotiva da vida
Todo barulho é motor
E o som da minha histeria é mono
Não é estéreo
Em suaves prestações consegui juntar as partes e pagar a conta
Sabe aquela cerveja que não tomei naquele bar?!
Foi ela que provocou o déficit orçamentário!
A inflação está em alta porque inflamaram-se os tímpanos e segundo constam dos laudos, sem motivos aparentes!
E agora a merda do pé quebrado!
Santa gozação
Numa quarta-feira cinza, os verdadeiros problemas que afligem o ser não têm nada a ver com a questão!
CENSURA! – essa é a palavra a praticar!
Então, para as traduções desse transcrito frenético uma tarjeta bem larga: CENSURADO.
Vou botar o pé pro alto e esperar o dia amanhecer e ver se ele ainda cabe no sapato!

sábado, 3 de dezembro de 2011

Última chance!

Pegue suas coisas,
Arrume suas malas e saia pela porta sem olhar para trás
É o único seguro que a vida lhe reserva!
Se voltar não encontrará mais meus olhos inchados,
Perceberá na face o escárnio e o nojo que sinto...
Por ter me feito perder tempo!
Aquele que era só meu...

O que quer que seja seu que tenha ficado,
Tenha certeza,
Será lançado na chama do ódio,
Temperado com o escarro de toda dor que me causou!
Cansei de ser atraente, comovente ou consequente

Saia pela porta sem olhar para trás!
Não quero saber dos seus lamentos
Pra mim seu cartaz se acabou!

Meça as palavras se for falar de mim,
Ou melhor, não fale de mim!
Não queime meu nome nesse ácido falso que sai da sua boca

Engula suas queixas e me deixe em paz.
O seu lugar está reservado, onde quer que seja,
Bem longe de mim!!!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Função



Fusos, difusos, fundidos...
Fuso-horário!
Fusão... confusão!
Sem função!
Sem ação!
Não bata a porta quando for sair...
Se for ficar, fique em silêncio!
Agora não é um momento apropriado para a profusão
Se for falar, meça as palavras, os verbos e os sentidos
Idos de tempos que ainda virão!
Sinto muito, esqueci a chave! Dessa vez: com precisão!
Precisava mesmo ficar de fora dessa viagem...
Não achem que sou tão distraída assim
Aqui fora, com tudo dentro, a vida tem mais emoção!